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Programa Valor em Cadeia traz grandes avanços

Categoria: Boletim ABVTEX em Pauta | 14 de dezembro de 2017

O Programa Valor em Cadeia, promovido pelo Uniethos e pelo Fundo Multilateral de Investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), resultado da parceria da ABVTEX com o Instituto C&A, C&A, Abit e empresas e entidades ligadas ao setor da construção civil foi encerrado dia 08 de novembro trazendo grandes avanços no desenvolvimento da cadeia de fornecimento do varejo de moda.

“Esta parceria foi fundamental para incentivar a adesão das micros, pequenas e médias empresas de confecção, muitas delas participantes do Programa ABVTEX, para formulação de estratégias de gestão e desenvolvimento de pessoas e negócios”, informa Edmundo Lima, diretor executivo da ABVTEX.

A metodologia foi desenvolvida pelo UniEthos e previu que as dezenas de empresas participantes dos setores de confecção e construção civil entregassem um plano de negócio focado em sustentabilidade. No evento de encerramento do Programa, os participantes do setor de moda enalteceram a importância da integração que o Programa proporcionou para a troca de experiências e a possibilidade de encontrarem soluções para problemas comuns. A partir do Valor em Cadeia, confecções formaram grupos de relacionamento que tem a intenção de se perpetuar.

Em sua apresentação, a Abit apresentou o Tex Index Brasil, uma ferramenta de autodiagnóstico para avaliação de práticas de sustentabilidade empresarial, que oferece um plano de ações com foco em sustentabilidade.

Lima apresentou as melhorias que estão sendo implementadas no Programa ABVTEX em prol das melhores práticas na cadeia de fornecimento e que vem contribuindo significativamente para o desenvolvimento sustentável das confecções e seus subcontratados. Entre elas o reforço ao treinamento dos auditores para melhoria da eficiência das auditorias e um calendário para a não sobreposição de auditorias da ABVTEX e dos varejistas.  Desde 2010, mais de quatro mil empresas em 18 estados brasileiros passaram pelo Programa.

Confira abaixo, alguns depoimentos de confecções que fazem parte do Programa e que participaram do Valor em Cadeia.

Célia Girard, gerente de sustentabilidade, e Thiago Ramos, sócio da Inter Têxtil

“A Inter Têxtil é uma empresa familiar com 37 anos de mercado, especializada em moda íntima com matriz em São Paulo e quatro fábricas pelo Brasil, que somam 300 funcionários e uma capacidade média de produção de 400 mil peças por mês.

Fomos a primeira turma a aderir ao Programa ABVTEX, em 2010. Há 7 anos consecutivos temos a certificação e por isso a empresa já estava bem adequada aos padrões e às necessidades do mercado. Por isso, o maior impacto do Programa Valor em Cadeia foi na nossa necessidade de fazer algo além, como a inserção da comunidade no mercado de trabalho e o descarte adequado de resíduos.

Um dos focos do Valor em Cadeia foi o envolvimento com a comunidade. E neste ano iniciamos uma parceria para a realização de uma escola de costura no sul de Minas Gerais, com foco no empoderamento feminino à inserção no mercado de trabalho. Quando surgiu este convite, nós ficamos muito felizes! Este é um exemplo do quanto pudemos amadurecer o desejo de realizar um trabalho na comunidade. O sul de Minas é uma região muito carente de formação e qualificação profissional. Na parceria, nós ficamos responsáveis por fazer o recrutamento das candidatas e doamos uma parte do maquinário e matéria-prima para que o curso fosse ministrado. A primeira turma já começou e, até o final de 2018, serão sete turmas no total.

Escola de costura no sul de Minas Gerais, que conta com o apoio da Inter Textil

Para o descarte de resíduos, há uma ferramenta para substituir as lâmpadas fluorescentes para led em nossas unidades. Temos o trabalho de juntar todas as lâmpadas das fábricas e trazer para São Paulo para fazer o descarte adequado junto a um fornecedor que faz a separação do mercúrio e do vidro. Temos outra iniciativa em que os resíduos de tecidos são descartados adequadamente com as prefeituras locais. O lixo eletrônico, desde pilha até o computador, também tem destino correto.

Outro ponto foi ter uma avaliação mais nítida da situação da empresa, feita sob uma visão externa por meio das entrevistas dos consultores do projeto com nossos funcionários, clientes e fornecedores, o que resultou em nosso olhar mais atento à valorização das pessoas. Neste período lançamos um código de conduta e instruímos todo nosso pessoal. Nos empenhamos em fazer treinamentos e palestra motivacional visando o bem-estar dos funcionários.

Com relação ao pilar de desempenho dos negócios, abordado no Valor em Cadeia, descobrimos que está na hora de lançar uma marca própria e este é nosso próximo passo. Tivemos a maior compreensão da importância de ter estratégia e logística bem estruturadas para a expansão”.

Erick Ferreira Máximo, da Lurick Confecções

“Quando assisti a apresentação do Programa Valor em Cadeia, a convite da ABVTEX, achei o evento muito interessante e que ajudaria a nossa empresa. Somos uma confecção que produz moda íntima masculina, com 80 funcionários, com matriz em São Paulo e filial de costura em Minas Gerais.

A área de meio ambiente e sustentabilidade na nossa operação já estavam sendo abordadas tanto pela ABVTEX e pelos magazines e achei que seria de grande valia para a empresa eu ter maiores conhecimentos por meio do Valor em Cadeia. Em relação à parte de descarte, tínhamos uma empresa para descarte de retalhos, algo informal, para recolhimento e reciclagem. Hoje, temos uma empresa com consciência ambiental e certificação de aterro sanitário para fazer o descarte correto. Também melhoramos o relacionamento com a comunidade montando uma escola de costura. Com a ajuda do Senai, da prefeitura da cidade que fica do sul de Minas e do Instituto Lojas Renner, estamos inaugurando a escola de formação de costureiras.  A ideia é formarmos três turmas de 25 alunos cada ao longo de um ano.

Escola de costura no sul de Minas Gerais, que também conta com o apoio da Lurick Confecções

O Programa ABVTEX também foi importante para abrir portas. No início trabalhávamos com um grande magazine e desde então fornecemos para várias varejistas.”

Inacio Sung, da Confecções Agassi

“Confesso que no início eu tinha uma certa resistência em relação ao Programa Valor em Cadeia por conta das dificuldades do dia a dia, mas claro que aceitei, pois conhecimento é sempre bem-vindo. Nos conectamos muito rápido no decorrer do Programa e conheci ferramentas de trabalho para usar junto dos colaboradores para execução de planos de ações e trazer a sustentabilidade para o negócio.

Nossa confecção possui 32 funcionários, sede em São Paulo, e já tínhamos a cultura da economia, de evitar o desperdício. Faltava a conexão entre trazer e levar as informações aos colaboradores. Durante o programa Valor em Cadeia abordamos outras questões como segurança de trabalho, divulgação e a maior interação entre as empresas do setor. Os módulos também contribuíram na questão financeira e tributária e esses conhecimentos ajudaram a me posicionar melhor. O programa foi muito bem planejado, com consultores excelentes e mostrou-se uma grande experiência.”

Elaine Ferreira Galhardo Lopes e Celso Marciano, da Comask

“A Comask é uma confecção de jeans, com mais  42 anos no perfil de Private Label. Temos 3 plantas fabris, sendo 2 em Sorocaba (SP) e 1 em Três Lagoas (MS).

O Valor em Cadeia contribuiu para um maior engajamento de todos os funcionários, através das divulgações de cada etapa, pela qual participamos. Passamos a considerar a sustentabilidade como uma necessidade real e um caminho sem volta. Um dos fatores que mais chamaram a atenção foi descobrir que sustentabilidade não é só custo e sim um investimento que traz retorno e é percebido por clientes e funcionários.

O resultado do questionário elaborado pelo Sesi nos surpreendeu. No início do Programa, tínhamos uma percepção da visão dos funcionários, mas o resultado mostrou diferenças. Havia problemas de comunicação interna e temos investido muito em treinamentos para mostrar a todos que cada setor tem importância nos resultados. Passamos a ter um olhar voltado para a equipe, nos aproximando e promovendo o entrosamento de todos os setores. O Valor em Cadeia abriu novos horizontes a cada encontro.

O Programa ABVTEX, por sua vez, nos parece coerente à medida que todos os concorrentes são colocados em um mesmo grau de cobrança em auditorias. Com a obtenção da Certificação, tivemos uma  ajuda para desenvolver nossa cadeia produtiva. Quando implementamos o Programa ABVTEX, tomamos o cuidado de preparar a cadeia de subcontratados, inclusive custeamos a primeira auditoria deles. Damos suporte fazendo uma pré-auditoria com os subcontratados guiada pelo checklist da ABVTEX. Todas as subcontratadas são 100% aprovadas e monitoradas periodicamente.”

Rafael Parra Castilho, sócio do Bee Atelie

“Somos uma confecção de roupas femininas com 11 funcionários, localizada na área central de São Paulo, com 10 anos de atuação. Com o Valor em Cadeia, passamos a olhar com mais atenção os nossos funcionários. Na questão de sustentabilidade, nós já fazíamos algumas coisas pontuais mas, a partir das reuniões, passamos a olhar com mais atenção aspectos de iluminação, por exemplo. Já fazíamos reciclagem e implementamos um programa com as sobras de tecido, em que vendemos uma parte e outra fornecemos para um centro cultural. Acredito que o mais importante do curso foi o contato direto com outros fornecedores, porque passamos a não vê-los como rivais, mas como colegas de trabalho que podem te auxiliar. Vamos manter esses contatos após o Programa Valor em Cadeia.

Sobre o Programa ABVTEX, no início foi complicado por causa das exigências. Há um custo elevado para nos enquadrarmos em todas as leis, mas o Selo ajuda a captar novos clientes e traz um diferencial competitivo à nossa empresa.

Estamos melhor estruturados em um novo espaço físico e dispostos a estabelecer um número de peças fixas no mês, o que ainda não foi possível. Esperamos que 2018 repita o resultado do segundo semestre de 2017”.

Soraia Ramiro, gerente administrativo da J.D.S. Confecções

“Somos uma empresa familiar, fundada pela minha mãe há 45 anos. No início, os serviços eram feitos em casa, em um salão no fundo. Mas em 2011, quando buscamos a primeira certificação da ABVTEX, mudamos para outro espaço, e desde então a empresa vem renovando a Certificação. Somos uma facção com 29 funcionárias e trabalhamos para empresas que fornecem para grandes varejistas.

Quando iniciamos nossa participação no Programa Valor em Cadeia, sentimos sua importância pois estávamos na fase da mudança para nosso endereço atual, que fica na Casa Verde, em São Paulo. Aproveitamos a casa nova para colocar em prática o que aprendemos no Programa e fazer o controle financeiro e de produção. Agora medimos a produção que é de 1.300 peças por dia, coisa que antes não fazíamos.

O novo espaço é totalmente diferente, maior e melhor adaptado às necessidades. As funcionárias ficaram bem mais felizes. Então, mudou o espaço físico e a conduta delas e a nossa também, porque passamos a ouvi-las e buscamos motivá-las. Com ideias do Valor em Cadeia, fizemos um manual de conduta e algumas ações internas, como caixa de sugestões e um quadro de avisos. Com essas coisas, até a quantidade de atrasos e faltas diminuiu.

Agora somos uma empresa e não uma simples oficina. Nos profissionalizamos a partir de coisas que aprendi no Programa. Entrei achando que a empresa familiar é conduzida no automático, e saí com outra mentalidade, a de que somos empresárias mesmo não tendo uma empresa grande.”